sexta-feira, 22 de maio de 2009

50 ANOS DA REVOLTA DAS BARCAS ...

Já passava das 8h quando o clima de insatisfação tomou conta de milhares de usuários das barcas, no Centro de Niterói. Na fila para embarcar para o Rio havia mais de oito mil pessoas, e o trato com os passageiros era truculento. Assim que um militar tentou conter a agitação desferindo coronhadas, uma pessoa lançou uma pedra contra a vidraça da estação. Os fuzileiros navais reagiram dando tiros para o alto.

Mas os disparos não intimidaram a população, que trocou o dia de trabalho por horas de vandalismo. Longe da ficção, os relatos acima fazem parte da história da cidade que ficou conhecida como a “Revolta das barcas”, que nesta sexta-feira completa 50 anos.

O transporte regular aquaviário na Baía de Guanabara foi iniciado em 1853, com a criação da Companhia de Navegação de Nichteroy, empresa privada que fazia o transporte de passageiros entre Rio e Niterói utilizando três embarcações. Esta empresa foi sucedida pela companhia FERRY, criada em 1862, depois substituída pela Companhia Cantareira e Viação Fluminense, fundada em 1869, com o objetivo de transportar além de passageiros, cargas e veículos.


Em 1946, a Frota Carioca assumiu o controle acionário da Cantareira e, dois anos depois, a Frota Barreto passou a controlar a Cantareira e a Frota Carioca. Em maio de 1959, um ciclo de greves, em função da disputa por maiores subsídios governamentais e aumentos de tarifas, provocou uma reação violenta da população, que depredou a Estação de Niterói, o estaleiro e até a residência dos proprietários da empresa. O então presidente da República Juscelino Kubitsckek desapropriou os bens da Frota Barreto, passando-os para o controle da União.

Em 1967, o Governo Federal criou a STBG S.A - Serviço de Transportes da Baía de Guanabara, dentro do plano de estatizações então iniciado no país. Além do transporte de passageiros, a empresa também operava o transporte de cargas e veículos, serviço este que foi extinto em 1974, com a inauguração da Ponte Presidente Costa e Silva (Ponte Rio - Niterói).

Em 1971, a STBG S.A passou para o controle do Governo estadual, sendo dois anos depois criada a CONERJ - Companhia de Navegação do Estado do Rio de Janeiro.

A construção da Ponte Rio-Niterói nos anos 70 foi motivada pela crescente necessidade da circulação de veículos tanto de passageiros quanto de cargas, pois a única alternativa existente era o acesso através do município de Magé contornando a Baía de Guanabara.

Ao longo dos últimos anos, ocorreu uma significativa expansão do número de linhas de ônibus, interligando os Municípios de Niterói e São Gonçalo, além da Região dos Lagos e Norte Fluminense ao Rio de Janeiro, ocasionando uma queda no número de passageiros transportados pela CONERJ, que não recebeu investimentos para sua modernização.

Em 12 de fevereiro de 1998, a CONERJ foi transferida para a iniciativa privada, passando a ser administrada pelo Consórcio BARCAS S.A, sob o regime de concessão do direito de exploração de suas linhas regulares pelo período de 25 anos, renováveis.

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