
Já passava das 8h quando o clima de insatisfação tomou conta de milhares de usuários das barcas, no Centro de Niterói. Na fila para embarcar para o Rio havia mais de oito mil pessoas, e o trato com os passageiros era truculento. Assim que um militar tentou conter a agitação desferindo coronhadas, uma pessoa lançou uma pedra contra a vidraça da estação. Os fuzileiros navais reagiram dando tiros para o alto.
Mas os disparos não intimidaram a população, que trocou o dia de trabalho por horas de vandalismo. Longe da ficção, os relatos acima fazem parte da história da cidade que ficou conhecida como a “Revolta das barcas”, que nesta sexta-feira completa 50 anos.
O transporte regular aquaviário na Baía de Guanabara foi iniciado em 1853, com a criação da Companhia de Navegação de Nichteroy, empresa privada que fazia o transporte de passageiros entre Rio e Niterói utilizando três embarcações. Esta empresa foi sucedida pela companhia FERRY, criada em 1862, depois substituída pela Companhia Cantareira e Viação Fluminense, fundada em 1869, com o objetivo de transportar além de passageiros, cargas e veículos.
Em 1946, a Frota Carioca assumiu o controle acionário da Cantareira e, dois anos depois, a Frota Barreto passou a controlar a Cantareira e a Frota Carioca. Em maio de 1959, um ciclo de greves, em função da disputa por maiores subsídios governamentais e aumentos de tarifas, provocou uma reação violenta da população, que depredou a Estação de Niterói, o estaleiro e até a residência dos proprietários da empresa. O então presidente da República Juscelino Kubitsckek desapropriou os bens da Frota Barreto, passando-os para o controle da União.

A construção da Ponte Rio-Niterói nos anos 70 foi motivada pela crescente necessidade da circulação de veículos tanto de passageiros quanto de cargas, pois a única alternativa existente era o acesso através do município de Magé contornando a Baía de Guanabara.
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